terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

 O AUTORRETRATO DE MICHELÂNGELO BUONARROTI.





A despeito do fascínio que o corpo humano e a sua beleza lhe despertavam, Michelângelo era destituído de quaisquer vaidades físicas. Muito pela contrário, vivia como um maltrapilho e pouco frequentava o banho. Dizia ele que era esse o seu modo de emular o "Cristo". Não fez retratos nem de Nobres, nem de plebeus, todas as suas pinturas são relatos de cenas bíblicas ou mitológicas. Mas, nessas cenas retratava as personagens com as imagens das pessoas de seu tempo e, finalmente, na pintura do afresco do Juízo Final para o altar da Capela Sistina, pintou o seu autorretrato. Ele aparece na pele supliciada de São Bartolomeu que a teve  recortada por esfolamento como último martírio. E nessa pele fustigada e estendida pelas mãos do próprio Santo, está a sua efígie.


Se Michelângelo não era belo fisicamente, não era tenebroso como se fez parecer. No entanto, o artista fez um autorretrato fiel, não de sua aparência, mas de seu espírito: atormentado, depauperado e angustiado. 


Em um mundo de valores binários e excludentes,  assim é o retrato daquele que tem o corpo e a alma universais.

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