Eu vou escrever a canção dos loucos
nos fachos de luz que sustentam a madrugada.
Eu vou escrever a canção dos aflitos
nos vértices de cristal que pululam a carne.
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| Caravaggio |
o escárnio delirante dos vencedores,
Eu vou misturar à minha lágrima,
a dor contida dos desvalidos.
Eu vou percorrer da vida os instantes
sufocando o oxigênio que me resta,
lançar-me em um só tempo
a um lugar onde o tempo não exista.
Depois dissiparei meus olhos
por entre as alamedas do destino,
entregá-los-ei dadivosa ao acaso
para que concebam imagens inventadas.
Eu vou escrever a canção dos loucos,
espalhá-la por onde houver espaços
até que me devolva à lucidez
o beijo molhado da morte.
Andrea Campos
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