quarta-feira, 8 de abril de 2015


    Soneto do Desmantelo Azul (Carlos Pena Filho)

    Rua do Recife Antigo
    Então, pintei de azul os meus sapatos
    por não poder de azul pintar as ruas,
    depois, vesti meus gestos insensatos
    e colori, as minhas mãos e as tuas.


    Para extinguir em nós o azul ausente
    e aprisionar no azul as coisas gratas,
    enfim, nós derramamos simplesmente
    azul sobre os vestidos e as gravatas.


    E afogados em nós, nem nos lembramos
    que no excesso que havia em nosso espaço
    pudesse haver de azul  também cansaço.


    E perdidos de azul nos contemplamos
    e vimos que entre nós nascia um sul
    vertiginosamente azul. Azul.

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