terça-feira, 4 de julho de 2017

E a escultura "O Beijo" de Rodin, originariamente, fora nomeada como "Paolo e Francesca", mais exatamente, "Francesca de Rimini". Logo, "O Beijo", foi o seu segundo nome de batismo. Mas, quem foram Paolo e Francesca? Existiram, de fato?
Sabemos que a obra "A Divina Comédia" de Dante Alighieri, cujo nome original, inclusive, é "A Comédia", trata-se de uma crônica de costumes com forte acento político sobre a sociedade florentina do séc. XIV. Dante era político e fora expulso de Florença sob acusações de corrupção. Por dez anos, durante o seu tempo no exílio. escreveu a sua magna opera e esperava, em razão dela, ser anistiado pela Igreja e, por fim, voltar à sua terra natal. Isso nunca ocorreu. Dante morreu no exílio sem que jamais repousasse seus olhos, novamente, sobre a sua cidade, Florença.

Mas, voltemos a Paolo e Francesca. Eles, de fato existiram, e existiram ao tempo de Dante, foram seus contemporâneos. Paolo e Francesca viveram um caso trágico de adultério. Francesca era casada com o irmão mais velho de Paolo que, ao saber do romance entre ambos, assassinou-os. As almas de Francesca e de Paolo foram, então, para o Inferno e é no Inferno que são encontradas por Dante e o seu guia, o poeta Virgílio. Essa história está narrada no Canto V do tomo da obra dedicado ao "Inferno". Como o assassino ainda vivia em 1300 (o ano em que se passa a ação do poema), Francesca roga no verso 107: “Caïna espera por aquele que nos tirou a vida” . Caína é a área no nono círculo para onde vão os violentos contra seus parentes. Paolo e Francesca foram arrastados por uma paixão luxuriosa, mas no inferno, descobriram que foram levados um aos braços do outro em razão de um amor sublime.


Fico pensando sobre o porquê de Rodin haver rebatizado a sua esplêndida escultura. Seu nome anterior revelaria algo de sua própria história?rs