segunda-feira, 23 de outubro de 2023

 FORAM OS PRIMEIROS ARTISTAS MULHERES?


Pesquisas, recentemente, levadas a cabo pelo arqueólogo Dean Snow da Universidade do Estado da Pennsylvania, EUA, promovem um giro Copérnico não apenas na história da arte, mas no modo de se perceber as relações de gênero no decorrer da história.


Os resultados dos estudos, cujo universo foram sítios arqueológicos localizados na França e na Espanha, revelaram que 75 por cento, ou seja, três quartos de todas as  pinturas rupestres que ornam as paredes dessas cavernas foram produzidas por mulheres. Esta descoberta desconstrói saberes milenarmente consolidados de que eram, sobretudo, os homens que executavam essas pinturas com fins de se inspirarem e bem atraírem as suas futuras caças. Ou seja, não apenas eram as mulheres também caçadoras, assim como também se utilizavam de mãos artísticas para simbolizarem os seus desejos. 


De que as mulheres na pré-história eram catabólicas (musculosas) tanto quanto os homens, pois segundo historiadores da arte, foi o processo civilizatório que promoveu a languidez e a fragilização dos corpos femininos tanto na realidade quanto na sua representação artística, já o sabíamos, mas que o seu papel na criação há 30.000 anos não era restrito à reprodução, mas na fundação da cultura artística, eis a radicalização da concepção do feminino e suas práticas encetadas pela pesquisa do arqueólogo Dean Snow.


Para chegar às suas conclusões, Snow analisou as marcas das mãos impressas ao lado de desenhos de bisões e cavalos. Segundo o arqueólogo, os primeiros pintores deixaram pistas sobre suas identidades nas paredes de pedra das cavernas, soprando tinta marrom-avermelhada através de tubos ásperos e delineando os contornos de suas palmas. Análises dessas  impressões, levando em consideração a estrutura óssea e o desenho dos dedos a partir de "handprints" feitas a partir de  estênceis sugerem que a maioria desses primeiros artistas eram mulheres.


Os resultados de Snow são corroborados pelas práticas xamânicas, o contato com a magia e o sobrenatural que as pesquisas arqueológicas indicam terem sido as mulheres as suas executoras primordiais no ambiente sombrio das cavernas.


O que é incontroverso, tendo sido ou não, as mulheres as primeiras artistas, é o fato de que sejam os úteros de carne ou de pedra, o poder de criação feminino sempre esteve lá, deixando nas tintas vermelhas de ocre ou de sangue, sobre as suas paredes, as marcas de suas mãos.





sexta-feira, 14 de abril de 2023


OPUS SOMNIUM

Esculpir saudade nas filigranas do tempo 

E encontrar o teu sorriso na memória da luz.









 PRECE 

Que eu siga os passos de Deus no vagar das estrelas,

Que seja uma gota de luz, não mais uma sombra

Parida e sangrada do ventre do mundo.


Andrea Campos 







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

 MICHELÂNGELO e o CAPITALISMO FINANCEIRO.

(E o que isso tem a ver conosco...)


MICHELÂNGELO e o CAPITALISMO FINANCEIRO.

(E o que isso tem a ver conosco...)





"Caríssimo pai,


Por vossa última carta soube que devolvestes quarenta ducados ao

spedalingo. Fizestes bem, mas, caso venhais a saber que estão em perigo, rogo-vos que me aviseis.

...


Michelângelo Buonarroti, escultor em Roma."


Aquele que, desavisadamente, procure pesquisar nas cartas de Michelângelo Buonarroti os seus arroubos espirituais e ilações sobre a Arte, fatalmente frustrar-se-á. Para tanto, a recomendação é que leia os seus sonetos. Ao esquadrinhar as suas cartas, no entanto, terá a oportunidade de deparar-se com o imprevisto e inusitado: As bases do atual capitalismo financeiro.


Através dessas cartas, de imediato, percebemos o forte compromisso que o artista tinha com as demandas práticas da vida e a luta pela sobrevivência. E mais,  por meio dessas missivas temos a confirmação de que  as cidades italianas foram mesmo o gérmen do capitalismo financeiro mundial, onde nasceu o atual sistema monetário. Para um financista, economista, banqueiro, professor de direito comercial, as cartas escritas por Michelângelo revelam-se  uma fonte robusta e preciosa para análises históricas sobre os albores do capitalismo e do sistema bancário.


Michelângelo era filho de uma família orgulhosa, de raízes nobres e  falida. A virulência com a qual o seu pai respondia aos seus anseios de vida artística, justificavam-se no seu pavor de que a família, além de degradada financeiramente, decaísse ainda mais, passando do valorizado trabalho intelectual, para o depreciativo trabalho manual. Se a vocação de Michelângelo tinha os eflúvios da arte, em essência, para o seu pai,  não passava da vocação para um trabalho de pedreiro e pintador de paredes. 


Foi apenas ao perceber que os dotes de seu filho eram excepcionais, que o senhor Lodovico Buonarroti aquiesceu com que o menino frequentasse uma oficina de arte, e não sem receber bons ducados por isso. Foi assim que Michelângelo passou a ser arrimo de família e a sustentar não apenas o seu pai, mas a auxiliar financeiramente os seus quatro irmãos. 


Muito cioso dessa responsabilidade, a de reerguer a sua família financeiramente, o artista sempre esteve muito  disposto às lutas renhidas para ganho do pão de cada dia e atento ao devido  pagamento por seu trabalho: era um grande empresário de si mesmo e altivo credor de uma remuneração justa a ser angariada em troca dos frutos de sua genialidade.


Se trabalhou sacrificadamente na pintura da abóbada da Capela Sistina não o fez sem ter recebido muito bem pela tortura, um montante que equivaleria, atualmente, a quase um milhão de dólares.


Mas voltemos às cartas escritas por Michelângelo. O que me causou perplexidade e inopinada surpresa foi verificar como no século XVI, o sistema bancário, financeiro na Itália, menos do que primitivo, era extremamente azeitado, rápido e eficaz. Em tempos nos quais não existiam as tecnologias atuais, admirei-me como Michelângelo estava a todo o tempo fazendo transações financeiras: transferências, investimentos, aplicações e empréstimos. E o quanto isso acontecia de forma segura e célere. 


Mais do que qualquer atividade de raiz anglo-saxã ou germânica, e todas as suas importantes contribuições, incontornavelmente, as cidades italianas renascentistas são o berço do nosso atual sistema financeiro e cambiário. Ou seja, o capitalismo financeiro é latino,  nasceu no Lácio. É mais uma contribuição longeva da cultura italiana para a História.


Basta debruçarmo-nos um pouco mais sobre o tema, para  reafirmarmos  que a República Florentina que possibilitou o renascimento artístico foi forjada por uma classe poderosa de comerciantes e banqueiros. A força desse contingente era que fazia circular e reproduzir o capital desde a criação do "florim de ouro" em 1252, moeda que junto ao ducado veneziano seria por mais de três séculos o que hoje é o dólar, ou seja, um padrão monetário mundial.  Força econômica que não apenas possibilitou o renascimento das artes e das ciências, mas também, viabilizou as navegaçõesve as descobertas do novo mundo. Lembremo-nos que, enquanto Michelângelo esculpia a Pietá, o Davi e pintava o teto da Capela Sistina, as Américas tinham sido alcançadas por Américo Vespúcio que, por sinal, é um florentino.


Sim, Américo Vespúcio, esse que dá nome ao nosso continente e à nossa identidade territorial foi um navegador e comerciante florentino, representante de armadores e banqueiros de sua terra que financiaram os anseios expansionistas dos países ibéricos, o que faz de nós, de algum modo, também filhos de Florença. Portanto, e peço-lhe para que não ria: irmãos de Michelângelo...


Nessas cartas michelangeanas, portanto, nas quais, se há pouca espiritualidade e Arte, há, no entanto,  muitas chaves preciosas para o desvencilhamento  do funcionamento do  sistema bancário e financeiro florentino, esteio de nosso mundo capitalista atual, que bem ou mal, nos possibilitou e do qual Michelângelo era um ativo correntista... 


Ao final de sua vida, Michelângelo era um homem rico, riquíssimo. Rico a tal ponto de nada ter cobrado para fazer o projeto da cúpula da Basílica de São Pedro. Dizia que a faria, unicamente, por adoração a Deus...


Mas, mesmo tendo se servido durante toda a sua vida do já avançado sistema capitalista financeiro italiano, Michelângelo preferia trazer boa parte de suas riquezas junto a si. Se entregou a sua alma a Deus e o seu corpo à terra, sob o seu leito de morte jaziam milhões de florins em pedras de ouro.


"Caríssimo pai,


Por vossa última carta soube que devolvestes quarenta ducados ao

spedalingo. Fizestes bem, mas, caso venhais a saber que estão em perigo, rogo-vos que me aviseis.

...


Michelângelo Buonarroti, escultor em Roma."


Aquele que, desavisadamente, procure pesquisar nas cartas de Michelângelo Buonarroti os seus arroubos espirituais e ilações sobre a Arte, fatalmente frustrar-se-á. Para tanto, a recomendação é que leia os seus sonetos. Ao esquadrinhar as suas cartas, no entanto, terá a oportunidade de deparar-se com o imprevisto e inusitado: As bases do atual capitalismo financeiro.


Através dessas cartas, de imediato, percebemos o forte compromisso que o artista tinha com as demandas práticas da vida e a luta pela sobrevivência. E mais,  por meio dessas missivas temos a confirmação de que  as cidades italianas foram mesmo o gérmen do capitalismo financeiro mundial, onde nasceu o atual sistema monetário. Para um financista, economista, banqueiro, professor de direito comercial, as cartas escritas por Michelângelo revelam-se  uma fonte robusta e preciosa para análises históricas sobre os albores do capitalismo e do sistema bancário.


Michelângelo era filho de uma família orgulhosa, de raízes nobres e  falida. A virulência com a qual o seu pai respondia aos seus anseios de vida artística, justificavam-se no seu pavor de que a família, além de degradada financeiramente, decaísse ainda mais, passando do valorizado trabalho intelectual, para o depreciativo trabalho manual. Se a vocação de Michelângelo tinha os eflúvios da arte, em essência, para o seu pai,  não passava da vocação para um trabalho de pedreiro e pintador de paredes. 


Foi apenas ao perceber que os dotes de seu filho eram excepcionais, que o senhor Lodovico Buonarroti aquiesceu com que o menino frequentasse uma oficina de arte, e não sem receber bons ducados por isso. Foi assim que Michelângelo passou a ser arrimo de família e a sustentar não apenas o seu pai, mas a auxiliar financeiramente os seus quatro irmãos. 


Muito cioso dessa responsabilidade, a de reerguer a sua família financeiramente, o artista sempre esteve muito  disposto às lutas renhidas para ganho do pão de cada dia e atento ao devido  pagamento por seu trabalho: era um grande empresário de si mesmo e altivo credor de uma remuneração justa a ser angariada em troca dos frutos de sua genialidade.


Se trabalhou sacrificadamente na pintura da abóbada da Capela Sistina não o fez sem ter recebido muito bem pela tortura, um montante que equivaleria, atualmente, a quase um milhão de dólares.


Mas voltemos às cartas escritas por Michelângelo. O que me causou perplexidade e inopinada surpresa foi verificar como no século XVI, o sistema bancário, financeiro na Itália, menos do que primitivo, era extremamente azeitado, rápido e eficaz. Em tempos nos quais não existiam as tecnologias atuais, admirei-me como Michelângelo estava a todo o tempo fazendo transações financeiras: transferências, investimentos, aplicações e empréstimos. E o quanto isso acontecia de forma segura e célere. 


Mais do que qualquer atividade de raiz anglo-saxã ou germânica, e todas as suas importantes contribuições, incontornavelmente, as cidades italianas renascentistas são o berço do nosso atual sistema financeiro e cambiário. Ou seja, o capitalismo financeiro é latino,  nasceu no Lácio. É mais uma contribuição longeva da cultura italiana para a História.


Basta debruçarmo-nos um pouco mais sobre o tema, para  reafirmarmos  que a República Florentina que possibilitou o renascimento artístico foi forjada por uma classe poderosa de comerciantes e banqueiros. A força desse contingente era que fazia circular e reproduzir o capital desde a criação do "florim de ouro" em 1252, moeda que junto ao ducado veneziano seria por mais de três séculos o que hoje é o dólar, ou seja, um padrão monetário mundial.  Força econômica que não apenas possibilitou o renascimento das artes e das ciências, mas também, viabilizou as navegaçõesve as descobertas do novo mundo. Lembremo-nos que, enquanto Michelângelo esculpia a Pietá, o Davi e pintava o teto da Capela Sistina, as Américas tinham sido alcançadas por Américo Vespúcio que, por sinal, é um florentino.


Sim, Américo Vespúcio, esse que dá nome ao nosso continente e à nossa identidade territorial foi um navegador e comerciante florentino, representante de armadores e banqueiros de sua terra que financiaram os anseios expansionistas dos países ibéricos, o que faz de nós, de algum modo, também filhos de Florença. Portanto, e peço-lhe para que não ria: irmãos de Michelângelo...


Nessas cartas michelangeanas, portanto, nas quais, se há pouca espiritualidade e Arte, há, no entanto,  muitas chaves preciosas para o desvencilhamento  do funcionamento do  sistema bancário e financeiro florentino, esteio de nosso mundo capitalista atual, que bem ou mal, nos possibilitou e do qual Michelângelo era um ativo correntista... 


Ao final de sua vida, Michelângelo era um homem rico, riquíssimo. Rico a tal ponto de nada ter cobrado para fazer o projeto da cúpula da Basílica de São Pedro. Dizia que a faria, unicamente, por adoração a Deus...


Mas, mesmo tendo se servido durante toda a sua vida do já avançado sistema capitalista financeiro italiano, Michelângelo preferia trazer boa parte de suas riquezas junto a si. Se entregou a sua alma a Deus e o seu corpo à terra, sob o seu leito de morte jaziam milhões de florins em pedras de ouro.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

 "MOISÉS, POR QUE NÃO FALAS?": MICHELÂNGELO E OS SEUS EMBATES COM DEUS.



A maneira mais simples, imediata e, a princípio, acessível a todas as pessoas para modelar a forma humana é a sua reprodução natural. Sementes masculinas e femininas fecundam-se e basta: A carne se faz  carne. Michelangelo desejava reproduzir a forma humana em seu mais alto esplendor, com a fidelidade às imagens espelhadas nas linhas divinas, e algo incomodava-o profundamente: A precariedade e a provisoriedade da vida humana. A sua mortalidade.


 Para sanar o ciclo da mortalidade, era insuficiente a carne fazer-se carne, sendo essa, inclusive a raiz da eterna finitude. É quando, Michelângelo, uma vez ciente de seus dons, inicia o seu embate com Deus. Tira-lhe a narrativa de criar o homem do pó na sua representação Sistina, pois, mesmo se vindo do pó, Adão em seu afresco apresenta-se já feito, cabendo a Deus apenas oferecer-lhe a vida através de uma centelha elétrica. A narrativa de modelar o homem do pó, será dele, de Michelângelo, e como um Prometeu desafiará Deus na sua obsessão de conferir a esse mesmo homem, aquilo o que Deus lhe negou: perfeição e eternidade. 


E é do pó que Michelângelo fará nascer o Davi, e é da pedra que Michelângelo, em suas palavras, "libertará" a Pietà. No corpo a corpo com a pedra, na batalha entre o pó de sua carne e a carne da pedra feita em pó.


Uma vez finalizada a escultura do profeta Moisés, talhada para o mausoléu do Papa mecenas, Júlio II, Michelângelo, em um ato de delírio, inebriado com a perfeição do que ele próprio criara, começa a martelar a estátua fervorosamente e a repetir: "Moisés, por que não falas!!!!!!????". Para decepção de Michelângelo, a imortalidade é muda, pois não tem mais nada a pedir.


Banhado no fogo de seu talento que, diversamente de Prometeu, não foi roubado, mas ofertado por Deus, Michelângelo, assim como Prometeu, respirou uma longa vida atrelado a uma rocha, escravo da beleza e do infinito a fazer brotar das pedras.


Esculpiu carnes em pedra até os últimos de seus dias. Mas, nos anos que antecederam a sua morte, da ânsia pela eternidade da pedra já havia se libertado. Repreendia quem o chamasse de escultor, retrucando não ser nem escultor nem pintor, mas, simplesmente, "Michelângelo". 


E em sendo Michelângelo, sua carne morreu e em sendo o Moisés, sua arte falou para sempre. Em sendo a sua alma, entregou-a a Deus.


domingo, 29 de janeiro de 2023

 VITTORIA COLLONA: O AMOR DE MICHELÂNGELO BUANAROTI NA MATURIDADE.


Ao mergulhar no mundo de Michelângelo, passei a interrogar todos os estereótipos construídos em torno da figura do gênio. E se o caráter em ninguém é monolítico e os afetos e a própria sexualidade é plástica, tais aspectos da complexidade da alma humana seriam não apenas acentuados, mas estariam no centro das angústias que atormentavam a alma do gênio.  


Na Grécia antiga não havia as designações em torno da orientação sexual tais como hoje as conhecemos: homossexual, heteressexual e bissexual. Esses etiquetamentos quanto à sexualidade humana foram forjados na história recente, em torno do século XIX, junto à moral vitoriana. E com esses reducionismo e, a normatização, o preconceito e a violência. Não pretendo fazer uma eterna apologia à cultura clássica, mas, indubitavelmente, no que diz respeito a uma moral sexual, os gregos foram não libertinos, o que também é um estereótipo, mas, certamente, mais sábios. 


Logo, ao deixar-me envolver pela vida e pela obra de Michelângelo, aceitar que esse altíssimo pedreiro e poeta, fosse admitido pura e simplesmente como um homossexual temperamental, seria não somente reducionista com quem superou as medidas comuns da experiência humana, mas sovina com quem foi em tudo vasto.


Sim. Nem homossexual nem heterossexual. Sequer bissexual. Michelângelo era vasto em seus afetos e em seus desejos. Mesmo que em todos eles, platônico. E se ele é caricaturizado como um amante das formas masculinas, em seus poemas e cartas a sua maior ambição é que na sua arte os homens alcancem as formas potentes e voluptuosos de Deus de quem foram feitos à imagem e semelhança. E se na juventude, alimentou uma paixão por um belo rapaz, na madureza, Michelângelo amou profundamente uma mulher: A poeta Vitoria COLLONA.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

 Há uns sete anos, coloquei na cabeça, não um cocar, mas a convicção de que apenas atingiria o núcleo da alma genética mater de nossa cultura e de nossa língua, se aprendesse tupi guarani. Comprei um livro de Tupi antigo e fui autodidata. Devido aos compromissos plúrimos não pude mais dedicar-me a essa boa causa rs. Mas sobrou alguns poemas que fiz sentindo em tupi e aqui vai um,...rs Já que, se não enterrei meu coração na curva de um rio, sei que ele pulsa e flutua nas veias tupis, florão do mar...


Xe peró r-emiaûsuba

y apenunga resé oma'ê

gûyrá-'î-etá ybak-ype o-bebé

ybaka pyrang

o-'ar pytuna-ne

xe suí nd''eresyryki

nde resé nhõ gûitekóbo

xe reté, xe 'anga abé oryb

ko'yr aûîeramanhê.

Andrea Campos 




Tradução:


O homem que eu amo

olha para as ondas,

muitos passarinhos no céu voam

céu encarnado

cairá a noite.

Com ele, somente estando eu,

o meu corpo e a minha alma feliz,

agora e para sempre.


Andrea  Campos