sexta-feira, 15 de abril de 2016

                                                     
                                                             A Palavra 
           

As palavras nunca, jamais são neutras. Em cada palavra anônima há um laivo nominado em mistério. E o mistério das palavras tem gosto: almiscarado, picante, docemente selvagem. Palavra ácida, biliática, nauseante. Palavra que amarga o tempo. No cheiro da palavra evola suas veias de sangue. Palavra-pulsão, monção de desejo. A palavra sua, ama a minha, e depois do amor desmaia em cansaço, reticências... A palavra acorda, se abre em parágrafos e rege o primeiro raio de sol que penetra em seu dia. A palavra tem fome. Fome de outras palavras. Fome de mastigá-las, sorver os seus pingos, sugá-las na escama. A carne da palavra é a letra. Letra que não sacia e pede acentos. A palavra é a eterna pedinte. Pede porque é faltante, porque é potente em pedir, pede. Pede porque é viva e porque é viva, pede. Toda palavra por dentro é vermelha. Derrapar em suas paredes é cair na vertigem de seu poço, poço onde se inundam seus sentidos. E os sentidos da palavra teimam e queimam sempre mais, mais, mais, mais. A palavra me grita, quando eu só silencio. Salve-se quem puder de uma palavra no cio.


Andrea Campos





quinta-feira, 14 de abril de 2016

                                       Vestidos de Noiva – Branco é a cor mais pura?



Às vésperas do mês de maio, o mês das noivas, lembremo-nos que o costume de se casar de branco é um costume recente (não que, episodicamente, possam ter acontecido casamentos com a noiva usando branco, mas não era a regra). Quem lançou essa "moda" foi a Rainha Vitória já no século XIX, ao se casar de branco com o príncipe Alberto.

Quanto maior a pigmentação, maior era o sinal de status da família da noiva. Os vestidos de cor vermelha revelavam as castas mais altas, pois a tinta vermelha, rara e disputadíssima (cuja uma das fontes de extração foi o nosso pau-brasil), era a pigmentação mais nobre e cara (vide os mantos de reis e rainhas e do alto clero da Igreja, ainda hoje e o traje do noivo da rainha Vitória que não abriu mão da cor vermelha). Ou seja, vestido de noiva branquinho, era vestido de noiva de pobrezinho rs. A rainha Vitória com o seu vestido branco quebrou essa concepção e criou uma nova tradição... Mas, a maior inovação da Rainha Vitória junto ao seu vestido branco foi o casamento por amor (historicamente raro, ainda mais em se falando em uniões reais). Vitória e Alberto se apaixonaram e ela o escolheu para ser o seu marido. Uma vez viúva, mesmo se casando novamente, a Rainha Vitória nunca mais deixou de se vestir de preto.



Nas telas abaixo, temos duas obras-primas retratando casamentos: uma de Rembrandt (O casal judeu - séc. XVII) com a noiva vestida de vermelho e a outra de Jan Van Eyck (O casal Arnolfini - séc. XV) com a noiva vestida de verde. Mais abaixo, podemos observar a, então, bela Rainha Vitória com o seu vestido de noiva  branco.




O Casal Judeu de Rembrandt


O casal Arnolfini de Jan Van Eyck


Rainha Vitória e Príncipe Alberto

Rainha Vitória


O vestido de noiva original da Rainha Vitória

Fotografia do casal real