domingo, 29 de janeiro de 2023

 VITTORIA COLLONA: O AMOR DE MICHELÂNGELO BUANAROTI NA MATURIDADE.


Ao mergulhar no mundo de Michelângelo, passei a interrogar todos os estereótipos construídos em torno da figura do gênio. E se o caráter em ninguém é monolítico e os afetos e a própria sexualidade é plástica, tais aspectos da complexidade da alma humana seriam não apenas acentuados, mas estariam no centro das angústias que atormentavam a alma do gênio.  


Na Grécia antiga não havia as designações em torno da orientação sexual tais como hoje as conhecemos: homossexual, heteressexual e bissexual. Esses etiquetamentos quanto à sexualidade humana foram forjados na história recente, em torno do século XIX, junto à moral vitoriana. E com esses reducionismo e, a normatização, o preconceito e a violência. Não pretendo fazer uma eterna apologia à cultura clássica, mas, indubitavelmente, no que diz respeito a uma moral sexual, os gregos foram não libertinos, o que também é um estereótipo, mas, certamente, mais sábios. 


Logo, ao deixar-me envolver pela vida e pela obra de Michelângelo, aceitar que esse altíssimo pedreiro e poeta, fosse admitido pura e simplesmente como um homossexual temperamental, seria não somente reducionista com quem superou as medidas comuns da experiência humana, mas sovina com quem foi em tudo vasto.


Sim. Nem homossexual nem heterossexual. Sequer bissexual. Michelângelo era vasto em seus afetos e em seus desejos. Mesmo que em todos eles, platônico. E se ele é caricaturizado como um amante das formas masculinas, em seus poemas e cartas a sua maior ambição é que na sua arte os homens alcancem as formas potentes e voluptuosos de Deus de quem foram feitos à imagem e semelhança. E se na juventude, alimentou uma paixão por um belo rapaz, na madureza, Michelângelo amou profundamente uma mulher: A poeta Vitoria COLLONA.