terça-feira, 3 de março de 2020

PATRIARCADO E A MULHER TRABALHADORA.







Qual o impacto do modelo patriarcal para o mundo da mulher trabalhadora? Assim como pontua-se a possibilidade de emancipação e exercício de poder pelas mulheres nos regimes monárquicos, igualitariamente aos homens, herdeiros da coroa ( e não que isso decomponha o modelo patriarcal, mas, certamente, presta uma certa feição matriarcal ao regime) mutatis mutandis, ou seja, por fatores outros, esse modelo claudica ao se tratar das mulheres pobres das classes trabalhadoras. Uma das razões reside no fato de que os homens dessas classes, geralmente, fracassam em se adequar ao modelo do homem do patriarcado: Mantenedor, provedor, detentor de propriedade privada e, portanto, controlador da mulher que dele depende materialmente e a ele se submete e subalterniza (ou seja, a escolha entre ser assujeitada pela dependência econômica e ser autônoma ao envidar por si mesma a luta pela vida sempre foi uma possibilidade maior para as mulheres das classes inferiores). Logo, por estarem de igual pra igual com os homens na luta pela sobrevivência, não poucas vezes com melhores ganhos e até sustentando-os, a mulher trabalhadora historicamente enfrentou as mazelas do patriarcado de forma mais altiva e desafiadora do que as mulheres das classes intermédias e superiores. Infelizmente, não sem experimentarem os efeitos perversos desse exercício de força, cujo principal sempre foi a violência de seus companheiros, pela frustração de não conseguirem acumular capital e ocuparem o lugar do masculino no patriarcado. Ou seja, subalternizada ou emancipada, dentro ou fora do patriarcado, mas tendo-o por referência, a violência contra a mulher é democrática, atingindo, historicamente, a todas. Um dado é que, ao analisarmos processos judiciais, vemos que as mulheres trabalhadoras apanham dos companheiros, mas também batem muito. São mortas por eles, mas também os matam. Ou seja, em uma cultura de violência, ao estarem em paridade de condições econômicas com os homens na luta pela sobrevivência, as mulheres trabalhadoras das classes inferiores tendem a fazer uso da mesma em relação a seus companheiros em muito maior proporção do que as demais. Nas classes mais favorecidas, a mulher com maior autonomia financeira, em estando em uma situação de violência, atualmente, tende a divorciar-se. Já as mais dependentes economicamente (e emocionalmente) de seus companheiros nas classes intermediárias, ainda que aufiram alguma renda, são as que por mais tempo se submetem a situações de violência física e psicológica. Por vezes, por toda a vida.


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