terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

                                           Versos Soltos (ou eu caindo em teus braços...)
                                                                                                       Parte 2.
                                                                                                         Andrea Campos





XXXI.

O amor é fio de Ariadne
nas travessias que sinto,
basta segui-lo ao teu corpo
pra atravessar labirinto.


Gerhard Richter



XXXII.

A palavra crepita,
mas onde se arde
é no silêncio que chama.

Gerhard Richter




XXXIII.

Se o silêncio é de ouro
e a palavra é de prata,
o olhar é de amante.

Pablo Picasso


XXXIV.

Seguir, tão apenas seguir
na confiança de não ser mais
que folha aconchegada ao vento,
livre e liberta de qualquer esperança.

Seguir, não importando a paisagem.

Nada pedir
foi uma desaprendizagem.

Jackson Pollock



XXXV.

O silêncio plange a palavra impossível.

Georges Braque




XXXVI.

E se em palavras não consigo,
é no olhar que eu te bem-digo.

Georges Braque




XXXVII.

A vida é travessia sem fim
cheia de gozo e cansaço,
mas atravessa-se um corpo
apenas lhe dando um abraço.

Thomas Ruff



XXXVIII.

O teu sorriso me cai
como uma luva,
eu ergo as mãos
e em tua boca
alcanço a chuva.

Jackson Pollock


XXXIX.

Basta dizer o sol
e o dia
recomeça
amarelo-carmim,

Basta dizer a lua
e o feminino
recomeça
com ânsia em mim,

Basta dizer o amor
e você recomeça
em mim
sem fim.

Max Ernst


XL.

Sinto muito não ser muito,
e desse muito, quase nada,
mas desse quase
ser uma fresta
iluminando a tua estrada.

                                        Matisse


XLI.

Não tive uma vida em linha reta,
já derrapei por muitas dobras,
mas para ti trago as mãos cheias,
ainda que sejam as minhas sobras.


Pierre Soulages





XLII.

Saudade: essa nesga de luz vazada,
ventre de sonhos sob a letra desmaiada.

Pierre Soulages

XLIII.

No desabrochar da luz,
em uma só lufada,
ele escorreu em mim,
como escorre da noite
a madrugada.

Jackson Pollock





XLIV.

Com passos rendidos
vieste
e penetraste
em meus muros erguidos
contra o tempo.

Porque é só tu que conheces
o segredo da noite que treme
no útero de minha palavra
que geme.

Matisse

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