Chove sobre Buenos Aires
Chove sobre Buenos Aires
E o teu corpo esquia
Por entre as esquinas
Salpicado de bruma e desejo.
De tua calça encardida
Brota um azul prateado
Marinho e fluvial.
Vem, meu amor,
Derrete a tua pele
Na minha
Deixa ser este encontro
O enlaçar
De línguas ardentes
E doídas,
Nesta mescla de salivas
E suor pluvial,
Sejamos úmidos,
Aquáticos,
Uma só água
A fazer abrir sinais fechados,
A tornar navegáveis
Ruas esquecidas,
A reinventar
Calor dos ventres
Nos cafés abandonados,
Rondemos as avenidas,
Os parques,
Todos molhados,
Sejamos esta chuva que cai
E desperta fantasias
Mortas e adormecidas,
Oblíquas e consumidas.
Chovamos em uníssono
Essa chuva que chove
Sobre Buenos Aires.
Andrea Campos in "Olhos sobre Tela", Ed. CEPE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário