segunda-feira, 23 de março de 2015


Chove sobre Buenos Aires

Chove sobre Buenos Aires
E o teu corpo esquia
Por entre as esquinas
Salpicado de bruma e desejo.

De tua calça encardida
Brota um azul prateado
Marinho e fluvial.

Vem, meu amor,
Derrete a tua pele
Na minha
Deixa ser este encontro
O enlaçar
De línguas ardentes
E doídas,

Nesta mescla de salivas
E suor pluvial,
Sejamos úmidos,
Aquáticos,
Uma só água
A fazer abrir sinais fechados,
A tornar navegáveis
Ruas esquecidas,
A reinventar
Calor dos ventres
Nos cafés abandonados,

Rondemos as avenidas,
Os parques,
Todos molhados,

Sejamos esta chuva que cai
E desperta fantasias
Mortas e adormecidas,
Oblíquas e consumidas.

Chovamos em uníssono
Essa chuva que chove
Sobre Buenos Aires.

Andrea Campos in "Olhos sobre Tela", Ed. CEPE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário