domingo, 3 de maio de 2015



"Paris é uma Festa" de Ernest Hemingway. Se o que você quer é imiscuir-se no frenesi dos années folles (anos loucos) durante a década de 20 em Paris, não leia esse livro. Antes de ser um livro sobre os deslimites do pós-guerra, "Paris é uma Festa" é um livro sobre literatura. Os primeiros passos de um jovem escritor em Paris, o seu processo e métodos criativos, os seus anseios por escrever, finalmente, o seu primeiro romance, as suas amizades literárias e a sua formação como grande leitor (todo grande escritor, acima de tudo, é um grande leitor). Os anos mais felizes da vida de Hemingway, segundo o próprio, foi acompanhado de amigos como Ezra Pound, Gertrud Stein, James Joyce, F. Scott Fitzgerald e Sylvia Beach (proprietária da livraria que lhe servia de biblioteca, a "Shakespeare and Company". O trabalho acontecia em seu minúsculo apartamento, durante as primeiras horas da manhã, ou em Cafés. E mais que tudo, Hemingway estava sempre acompanhado pela sua amada esposa Hadley e pelo seu encantador bebê, Bumby. Ao finalizarmos a leitura do livro, até nós, sentimos saudades daquilo tudo...

Trecho:

"O conto escrevia-se por si próprio, e eu tinha dificuldade em conduzi-lo. (...) Voltei a escrever, entrei a fundo na história e me perdi nela. Agora quem a escrevia era eu; o conto não escrevia mais a si próprio, de modo que não tornei a levantar a cabeça. Esqueci-me do tempo, do lugar em que me encontrava e nem sequer mandei vir outro rum Saint James. Cansara-me dele sem pensar nisso. Terminei o conto, afinal, sentindo-me realmente cansado. (...) Fechei o caderno, coloquei-o no bolso de dentro, pedi ao garçom uma dúzia de portugaises e meia garrafa do vinho branco seco da casa. Depois de escrever um conto sentia-me sempre vazio, e, simultaneamente, triste e feliz, como se tivesse acabado de me entregar ao amor físico". (Hemingway in "Paris é uma Festa")


O apaixonado casal Ernest Hemingway e Elizabeth Hadley.

Zelda e F. Scott Fitzgerald

Le Dôme, um dos "escritórios" de Hemingway.

Closerie des Lillas, próximo à rue Mouffetard, o "escritório" preferido.

Sylvia Beach em frente à sua "Shakespeare and Company" na rue de l' Odéon.

Hemingway tinha excelente crédito com Sylvia e usava bastante a biblioteca da livraria.

James Joyce, Sylvia Beach e Adrienne Monnier na Shakespeare and Company.

Sylvia Beach e James Joyce

Que foto antológica! No studio de Ezra Pound, que Hem considerava um dos homens mais generosos que jamais conhecera, da esquerda para a direita: Ezra Pound, John Quinn (em pé), Ford Madox Ford, T.S. Elliot, Hemingway (em pé) e James Joyce. O da extrema direita, deve ser um outro grande que eu não reconheço...

Hemingway com seu bebê, Bumby, que ficava quietinho ao seu lado enquanto ele escrevia em casa após tê-lo dado a mamadeira e a sua esposa ainda dormia.


Gertrud Stein e Alice Toklas passeando pelo bairro com o cachorro.

Não resisti e entrei de penetra nessa festa rs. Aqui, na rue Mouffetard, fiz questão de me hospedar próxima de onde morava Hemingway na Rive Gauche. Lugar simples e cheio de arte, vida e literatura!

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