domingo, 6 de março de 2016




O Primeiro Namorado
                         Andrea Campos



Era pra dentro do pequeno beco ao lado da casa,
que o namorado, permitido só no terraço e aos finais de semana,
pulava endiabrado pra incendiá-la trêmula.

Pulava o muro da casa ao lado do mamoeiro,
e sob os jambeiros trançavam-se línguas, 
tensões de corpo inteiro,
lufares, os primeiros desabrochares...

O gozo vinha e logo após, em meio à tarde, 
inesperado, chegava o pai.

É preciso pular o muro, se esconde!
Corações batendo no batuque das paixões.

O pai adentrava na casa, agora se pode sair, vai não vai!
Não antes daquele beijo, de mais de  um gracejo, 
de dizer sem parar eu te amo, 
da promessa de mais e mais desejo.

Ele saltava o muro e ela ainda ficava 
entre as flores e as folhas do beco
enlaçada a seu cheiro, regando sonhos, 
refazendo toda aquela história…

Antes que tudo acabasse tanto e somente em memória…



Tela de Wellington Virgolino





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