quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Aves Corpus
           Andrea Campos


O amor é um crime ingente:
o autor nunca tem culpa
e não há vítima inocente.
O amor não se escreve:
se comete.
Pena de amor não se cumpre:
se goza.
Autocondenação de fato
não punível,
sentença irrecorrível,
subversão da coisa julgada.
O amor é um tiro impossível
no nada.
Habeas Corpus de Aves Corpus,
agravos em devaneio
no ir e vir ao seio.
Alvará sem soltura,
perdição na loucura.
O amor é querendo o bem,
fazer o mal.
E uma vez livre do amor,
voltar e prender-se ao amor,
a única liberdade incondicional.


Alex Stoddard

3 comentários:

  1. Estupendo como sempre, Andrea! Tudo está dito ali, mesmo o que não se diz, o que não queremos dizer, aquilo que dito, nos faz calar. Parabéns pelo lirismo, pelo talento, pelo sentimento finamente descrito em sua poesia. Lindíssimo poema.

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