terça-feira, 6 de outubro de 2015

                                               A Queda da Volúpia na Bastilha
                                              A Arte de Jean-Honoré Fragonard




O final do século XVIII e inícios do século XIX foram marcados pelos últimos suspiros do Antigo Regime na Europa, o propalado "Ancien Régime". Tempos profícuos. Giros copérnicos eram dados na filosofia, na política e no direito: Jean-Jacques Rousseau e o seu "Contrato Social", Montesquieu com "O Espírito das Leis", Beccaria e a revolucionária "Dos Delitos e das Penas". As luzes cintilavam e refulgiam. Enquanto isso, uma nobreza sedentária, ociosa, azeitada pelo "dolce far niente" continuava entregue às intrigas de salão, às maquinações de alcova, à luxúria e às frivolidades. E essa nobreza extasíaca e inerme em estágio de resplandescência e ocaso foi belamente pintada por artistas franceses tais como Watteau e Jean-Honoré Fragonard. Fiquemos aqui com Fragonard, o artista nascido nos alpes marítimos, na região da Côte d'Azur. Fragonard conheceu e viveu imbricado nesse bailar de tensões em carnes "nobres". Provavelmente, ele não tinha a profunda consciência de que retratava uma época que agonizava, encastelado que também estava nos meandros palacianos. Ou não. De toda a forma, os seus rococós foram expurgados e desvalorizados após a queda da Bastilha, da Revolução Francesa, por representarem tudo o que se queria debelar e superar para que um novo mundo e uma nova era acordasse. 

Passada essa fase de acomodação e transição, a obra de Fragonard ressurgiu e é eternamente rediviva em  suas extasias e volteios, uma fiel e indelével crônica de sua época. Afinal, a queda foi a da Bastilha, a volúpia e a cor são inamovíveis da arte e da natureza humana e continuarão sempre a nos derramar os olhos do alto de seus pedestais.




































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