quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Início do Canto III do Paraíso (Divina Comédia) de Dante Alighieri, com ilustração de "O Jardim das Delícias"(1504) do pintor holandês Hieronymus Bosch.



Canto III (Paraíso)
(trecho)


O SOL por quem primeiro ardeu meu peito,
Provando e refutando, me mostrara
3 Da formosa verdade o doce aspeito.

Por confessar-me do erro, em que vagara,
Quanto possível fosse, convencido,
6 Mais alto a fronte para a sua alçara.

Eis fui de uma visão tal possuído,
Que olvidei meu desejo inteiramente,
9 Ficando em contemplá-la submergido.

Bem como em cristal puro e transparente,
Ou nágua clara, límpida e tranquila,
12 Que deixa à vista o fundo seu patente,

A imagem nossa quase se aniquila,
Em modo, que uma per’la em nívea fronte
15 Se faz mais perceptível à pupila,

Assim, dispostas a falar defronte
Várias figuras vi: eu no erro oposto
18 De Narciso caí amando a fonte.










4 comentários:

  1. Belíssimo, querida Andrea. Adorei sua poesia e linguagem. Apaixonante! Lula Couto.

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  2. Belíssimo, querida Andrea. Adorei sua poesia e linguagem. Apaixonante! Lula Couto.

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  3. Muito obrigada, querido Lula! E eu nem sei o que é "zap"...rs

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