quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

 UM JAGUNÇO CHAMADO JOÃO 


João não era afeito a discussões ideológicas. Certa feita, estando ele e alguns amigos, dentre eles, Antonio Candido, em um restaurante sobre a baía de Porto Fino na Itália, Candido firmou a sua posição socialista e o apoio a todas as políticas a serem aprovadas no Congresso sob esse viés. João assegurou ser a favor de toda igualdade entre os humanos, mas que esta não era sua maior preocupação.  A maior preocupação do ser humano aqui na Terra, a seu ver, era saber se Deus existia ou não.  


Uma vez eleito para a Academia Brasileira de Letras, resistiu, durante quatro longos anos,  a tomar posse, pois, em sendo cardíaco, asseverava que o seu coração não resistiria a tão grave emoção. Mas, não só. O que fez João reunir pessoas de sua família e passar-lhes instruções para se "algo lhe acontecesse" após a sua posse, com poucas dúvidas de que a  fatalidade derradeira logo lhe bateria a porta, foram as palavras de um pai de santo, por ele consultado, no norte de Minas. Disse-lhe o pai de santo: "No dia em que o nome Guimarães Rosa ecoar na mais alta altura, o homem João irá partir". Foi ou não foi?


No dia 19 de novembro de 1967, três dias após tomar posse como imortal da Academia Brasileira de Letras, o homem João alçou o seu voo definitivo. E partiu para sempre aos 59 anos de idade.




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