Para Aylan
Andrea
Campos
Te darei o caminho não trilhado,
O beijo não roubado,
O sonho abortado.
O mel e o fel da boca,
A vida imensa e pouca,
Te darei a viagem corrompida
Te darei a viagem corrompida
Por ondas escorridas
Em praias esquecidas.
Te darei mar e sangue
Que incendeia
Pululando em tua veia.
Pra cada um de teus
sapatos,
Te darei. inteira, a meia.
Terás sempre por fiança
Ser pra sempre uma criança,
Se te salvarem não foi ágil,
No teu pouco corpo frágil
Te darei o meu naufrágio.
Mas, não te darei
Os dias que se consomem
feito nada pelo homem.
Eis o nome de teu
algoz:
Todos nós.
Eis a nossa pena:
A perpétua de sermos sós.
Sendo toda nossa a culpa
Pra que tudo fosse assim,
Se não posso te dar vida
E a palavra que diz sim,
Dou-te cheia a tua morte
Que não pára de morrer de
sal e areia dentro em mim.
Você se fez nossa porta-voz nesse poema.
ResponderExcluirAylan na beira da praia sinaliza que a humanidade está na beira da falência... Seremos salvos? Ainda há tempo pra tentarmos que sim... Ainda...
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