DIADUMENO de POLICLETO e o DAVI de MICHELÂNGELO.
Verificar as fontes e referências de gênios como Michelângelo é um belo exercício em todos os sentidos. Primeiro porque nos coloca em face do árduo trabalho e diuturno esforço do artista que é tudo menos o inaugurador de uma arte que preexiste a si mesmo. Ele mergulha ou retoma uma tradição a fim de alterá-la ou superá-la. No Davi, Michelângelo, já um arguto anatomista, tendo já feito dissecação de cadáveres, supera claramente Policleto no cinzelamento dos ossos e músculos das costas.
Segundo, nos auxilia a situar o tempo de cada artista. Ficando claro, por exemplo, que Michelângelo, mesmo tendo emulado os clássicos, é sobretudo um artista Moderno.
E em meio a muito mais, a evidência do paganismo na arte grega. Mas um paganismo de pureza quase higiênica e, nele, a ausência de tensão. O que não ocorre com o Davi de Michelângelo. Nessa estátua, o sagrado e o profano estão em estado de tensão permanente. Transbordando da arte sacra e alvejando os nossos olhos, o delírio da carne.
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