sexta-feira, 27 de maio de 2022

 EURÍPIDES e as suas MULHERES trágicas e APAIXONADAS.





A tragédia As Suplicantes de Eurípides traz elementos tanto de As Suplicantes de Ésquilo quanto de Antígona de Sófocles. No entanto, quando tudo parece ter sido resolvido, ocorre o inusitado a nos deixar perplexos e vertiginosos à beira do abismal da alma humana. Conto o enredo.


Tendo sido os argivanos derrotados na ofensiva contra Tebas, as mães dos sete generais  mortos na batalha e cujos corpos estão sob o poder dos tebanos, suplicam ao rei de Tebas que lhos devolvam a fim de que possam lhes prestar as honras fúnebres e dar-lhes sepultura. Creonte, o rei de Tebas, o mesmo que atua em Antígona, é contrário a essa devolução. A negativa de Creonte leva o rei de Atenas, Teseu, que foi a princípio relutante, a guiar um exército contra Tebas a fim de guerrear e recuperar os corpos dos sete generais mortos. Teseu e seu exército são vitoriosos na empreitada, sendo os sete corpos entregues às sete mães suplicantes a fim de que lhes deem a dignidade funerária que aqui se tratava de depositar os corpos nas piras (ao fogo), nas quais seriam queimados. Tudo se sucede com a contenção cerimonial e o ânimo do bem sucedido intento quando, zás!!!! Eis que o inusitado acontece! A viúva de um dos generais, Evadne, inconsolável com a morte de seu marido, Capaneu, lança-se às chamas nas quais queima o seu amado a fim de queimar e morrer junto a ele! Nesse que para ela é um leito nupcial, ambos ardem e derretem suas carnes plasmadas! Supremo sacrifício em delírio de bacante é esse ato limite da viúva Evadne que faz com que surja ex machina, a deusa Atena, sacralizando o pacto de amizade entre atenienses e argivos. Mais tragédia grega, ou melhor, mais Eurípides, impossível...

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