segunda-feira, 30 de maio de 2022

 DE COMO O ENREDO DA VIDA  AMOROSA DE JOAQUIM NABUCO FOI PARAR NAS MÃOS DE ALFRED HITCHCOCK.


OU


Teria a escritora CAROLINA NABUCO, filha de JOAQUIM NABUCO, inspirado-se em um triângulo amoroso psicológico FAMILIAR para escrever o seu belo romance A SUCESSORA?


Rompido com Eufrásia Teixeira Leite, pouco tempo depois, o nosso Joaquim Nabuco casa-se com Evelina Ribeiro. Essa união rendeu a Nabuco uma descendência da mais alta estirpe, frutificando em  cinco filhos  notáveis, cada um em sua esfera de atuação. Do Embaixador  passando pelo Monsenhor,  da ninhada de Nabuco  floresceu, também, uma grande romancista: a escritora Carolina Nabuco. 


Além de romancista, Carolina arriscou-se na crítica literária, tendo escrito o ótimo "Retrato dos Estados Unidos à Luz de sua Literatura". Mas a sua Magnum Opus foi mesmo o festejadíssimo romance, "A Sucessora". Li esse romance um sem número de vezes na adolescência e, até um dia desses, folheava-o enquanto preparava aulas na Biblioteca da Universidade. É um romance delicioso e de grande potência psicológica, tendo sido adaptado para uma novela de televisão de grande sucesso e de mesmo nome. Conheci a obra de Carolina Nabuco, portanto, muito antes de ler a obra de seu pai, Joaquim Nabuco.


Foi então que ontem, refletindo sobre as leituras já feitas e refeitas das obras de pai e filha e sobre o longo  romance ardoroso e tormentoso de seu pai, Nabuco, com uma mulher excepcional e singular como Eufrásia Teixeira Leite, romance esse que foi fogo amortecido pouco tempo antes do casamento de seu pai, Nabuco, com a sua mãe, Evelina, sucedendo-a como noiva e mulher central em sua vida, eu só poderia chegar à seguinte conclusão: Evelina é a inspiração para "A Sucessora". Eureka!rs


Claro que eu posso estar completamente equivocada, mas sigo com a minha hipótese e o meu argumento. Que tal testá-los lembrando-nos da trama do livro?


A narrativa de "A Sucessora" gira em torno de um garboso e poderoso homem da alta sociedade carioca, Roberto Steen, que enviúva (sim, claro que a rival deve estar morta, compreende-se) de uma mulher cintilante, exuberante, que deixou marcas inapagáveis no mundo em que transitava e, muito provavelmente (e aqui, eis o motivo para um eterno drama) no coração do viúvo. Pouco tempo depois de haver enviuvado, Roberto Steen casa-se com uma bela e doce moça, de origem aristocrática rural, Marina, mas bem longe da personalidade fascinante, emancipada e cosmopolita da recém-morta, Alice Steen.


Uma vez que Marina passa a viver no mesmo ambiente que a defunta e a sentir-se comparada todo o tempo a ela, ou quiçá, mais comparando-se do que sendo comparada, o fantasma da falecida passa a  rondar e a ter lugar cativo e redivivo nesse casamento


As inseguranças e os medos de Marina apenas vêm a arrefecerem-se ao descobrir, através da leitura dos diários da morta, que a magnífica Alice, em verdade, era uma mulher pérfida, cruel, manipuladora e de vida sexual desbragada. De tão má, teve a pior das pagas que a vida poderia dar a uma mulher: tornou-se estéril após ter dado à luz o filho de um amante. E mentiu ao marido, sustentando que era ele o impossibilitado de ter filhos.O casal, então, tinha uma vida mundana, sem o aconchego doméstico propiciado pelas crias. Descoberta a terrível farsa, Marina e Roberto geram filhos e constroem uma família feliz, estando, agora, finalmente, Roberto ao lado de seu verdadeiro amor...


O livro foi publicado em 1934, quatro anos após a morte de Eufrásia Teixeira Leite e foi um sucesso editorial retumbante. 


Em 1938, a escritora inglesa, Daphne Dumorier, publicou o internacionalmente conhecido romance "Rebecca, a Mulher Inesquecível". Carolina Nabuco foi surpreendida com um probabilíssimo plágio de seu livro quando em 1941, Alfred Hitchcock foi agraciado com um Oscar pelo seu filme "Rebecca", baseado na história de Dumorier. A trama de Rebecca era, sim, um plágio do livro A Sucessora, uma vez que Carolina Nabuco havia enviado os originais de seu livro, traduzidos para o Inglês para o mesmo agente literário de Daphne. Poucos anos depois, Dumorier publicava o seu "Rebecca, a Mulher Inesquecível". O enredo era tal e qual. Apenas o que mudava era que, ao invés de focar o título de seu livro na sucessora, Dumorier intitulava-o com o nome da sucedida. Carolina Nabuco preferiu evitar os tribunais...


Impressionante, então, como a trama amorosa fantasmática da vida de Joaquim Nabuco pode ter chegado a Hollywood através das mãos de Hitchcock e até ter levado um Oscar...rs


Se isso procede ou não, na verdade, não importa. O fato é que Eufrásia Teixeira Leite se não era Rebecca, era mesmo a mulher inesquecível...




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