terça-feira, 7 de junho de 2022

 Mais uma vez chegara o instante da partida. A minha alma repartida, extenuada, mas sem dor. 


Era um momento branco, como uma tela que pede tinta e luz aos pincéis do destino. Momentos transpassavam-me como efígies e era preciso dizer-lhes adeus. Em um canto do corredor ainda restava esquecido, desmaiado sobre o chão, um lenço, e o usei para enxugar as lágrimas do tempo. 


A sala vazia aliviava-se sem o peso do passado e apenas eu poderia ser uma seta para o futuro. Tudo me vinha descendo como num tobogã. 


Olhei, uma última vez, o silêncio. Levantei com força as alças de minhas malas. 


Com passos titubeante e, logo, firmes, deixei a casa sem olhar pra trás, atravessei a rua e finalmente, pude abrir as portas para entrar dentro de mim.


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