domingo, 8 de março de 2020

Sempre que me perguntam: "POR QUE AVANÇA TÃO ASSOMBROSAMENTE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL E NO MUNDO?", a minha resposta é sempre curta e rápida: "PORQUE ESTAMOS ALCANÇANDO O PODER".






Há muito, ainda, por óbvio, a conquistar, os desafios e obstáculos são inumeráveis mas não suficientes para nos deter.
Trago aqui apenas alguns números que são sobremaneira significativos e revelam que estamos escalando o poder econômico, político e social com a força de um tsunami:
As mulheres são maioria no ensino médio em 73% dos municípios brasileiros, sendo a maioria dos estudantes em todas as capitais do país;
As mulheres progridem mais do que os homens na educação, sendo delas o maior número de concluintes em todos os seus graus;
Nos cursos de nível superior, o número de mulheres representa 62,9% do total de concluintes de todo o Brasil;
Pesquisa feita pela Faculdade de Medicina da USP aponta que o número de mulheres que entram nos cursos de medicina em todo o país é superior ao número de homens desde 2009, sendo que as médicas são a maioria dentre os profissionais com idade inferior a 29 anos;
Na faixa que vai até os 25 anos de idade, as mulheres representam a maioria (64%) dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
As mulheres também são a maioria dentre aqueles que exercem a arquitetura no Brasil (63, 10%), sendo que em apenas dois estados brasileiros, a maioria é de arquitetos;
O número de mulheres brasileiras que concluem os seus cursos de doutorado no exterior já ultrapassou o número de homens;
Atualmente, as mulheres ocupam 69% dos cargos de Liderança em Comunicação no Brasil;
Na política ainda há muito a conquistar. Em sendo o centro nevrálgico do poder, de onde partem as leis que promovem a igualdade, a luta é desafiadora e renhida. Mas as experiências além de nossas fronteiras nos mostram, sim, que os obstáculos poderão vir a ser debelados. Em países como Ruanda e Andorra, as mulheres já são a maioria no parlamento. Ainda nessa esfera da vida pública, um estudo publicado pelo Journal of Economic Behavior & Organization apontou que a corrupção é menor nos países nos quais as mulheres têm maior participação no governo. Vamos então, firmes, devagar e sempre, firmes, devagar e sempre...
Se as mulheres são maioria esmagadora em profissões relacionadas às áreas das ciências humanas, mesmo, nas ciências ditas "duras", aquelas matematizadas, o número de mulheres exercendo profissões como a de engenheira, disparou no país. Números do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), revelam que a participação das mulheres nas áreas de exatas recrudesceu, aceleradamente, de 2011 até 2016. Os dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) confirmam que o número de mulheres engenheiras registradas, por ano, no sistema passou de 13.772, em 2016, para 19.585, em 2018, um crescimento de nada menos do que 42%! Ainda, de acordo com o Confea, o número total de engenheiras ativas no Brasil, hoje, é de 196.372. Se, antes, as mulheres apareciam timidamente nas salas de aula voltadas às tecnologias, hoje, as suas presenças pululam e a cada dia é mais expressiva a ocupação de mulheres em cargos de liderança no setor.
Last but not least, mesmo nessa sanha de alguns por sermos exterminadas, existimos em maioria no país. No Brasil as mulheres são 51,7% da população, 52% do eleitorado e enquanto, hoje, a expectativa de vida dos homens é de 73 anos de idade, a das mulheres é de 80 anos.
Ou seja, a violência contra a mulher é proporcional ao incremento de nossas conquistas e é uma reação à desconstrução que temos feito aguerridamente nos núcleos de sustentação do patriarcado.
Mas sinto dizer: Não vai adiantar. Podem aqueles que não suportam dividir conosco o estatuto da igualdade e da solidariedade, continuarem como bestas-feras desatinadas, descompensadas e histéricas no desespero dos que temem conosco compartilhar o poder.
Podem continuar a xingar-nos,a detratar-nos, a nos vir com palavreados chauvinistas e risinhos nervosos, a apontar-nos facas, a nos mirar com revólveres, a lançar-nos paus e pedras, a estuprar-nos, a denegrir-nos, a difamar-nos e a injuriar-nos. A nossa gana é irrefreável e, juntas, nos multiplicamos e representamos umas as outras.
Podem continuar. É inútil. Digerimos o fel inoculado pela violência transformando-o em sangue que borbulha em vitalidade e força.
Sinto muito, estamos, sim, alcançando o PODER. E preparem-se: Isso é só o começo.

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