sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A volta do filho pródigo (Rembrandt)

 A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO COMO A VOLTA DO EU PARA SI MESMO.


Somos todos pais e filhos de si mesmos. Sujeito-objeto e objeto-sujeito de uma mesma relação que nos atravessa na medida em que nos construímos. 


Criadores e criaturas de uma subjetividade, de um estar no mundo. E quantas vezes o nosso eu-pai e o nosso eu-filho se despregam, abandonam-se, cindem-se como no mito do andrógino e vagueiam em orfandade.  Um eu-filho órfão de si mesmo. 


O eu pródigo é aquele que se desterrou de seu logos, que se desviou de sua verdade. A volta para si mesmo é caminho árduo, porque nosso si mesmo pode ser impiedoso e o nosso eu, intransigente. E podem não suportar olharem-se nos olhos. Mas ao apreenderem a palavra "amor" e ao soletrarem-na em todas as suas letras,  serão acolhidos no abraço infinito. 


É também sobre autoperdão e  autoaceitação que fala a volta do filho pródigo.


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Tela: "A Volta do Filho Pródigo" de Rembrandt.

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