domingo, 1 de agosto de 2021

 O belo desenho de Michelângelo ofertado a Tommaso Cavalieri: O Rapto de Ganimedes.




Sempre achei muito complexo e delicado etiquetarmos uma pessoa segundo o que ela nos parece, sexualmente, desejar. Inclusive, sou contra esses etiquetamentos: o que existem são pessoas e seus desejos e fantasias íntimas. Para além disso, nada mais há a ser dito ou considerado, uma vez que a plasticidade e a singularidade do desejo em cada um faz parte da condição humana.
Mas, já que a era vitoriana inventou o termo "homossexualidade", e esse mesmo século XIX ordenou um modelo de família nuclear e heteronormativo a sustentar o capitalismo, sigo as lições de Nancy Friday que diz que apenas se refere a alguém como hetero, homo, bi, trans, se essa pessoa afirma, ela mesma, que assim o é. E apenas temos a lamentar que ao fazê-lo, e assumir o seu desejo, fora dos padrões da "petite bourgeoisie", tenha a sua existência e a sua paz postas em risco.
Espero que cheguemos ao dia no qual o amor, o desejo e o sonho de uma pessoa diga respeito tão somente a ela mesma, assim como há os que preferem os dias brancos aos dias azuis, os que gostam de dias cinzas e os que preteririam todas as cores dos dias à luz das estrelas.
Ao final de tudo, que aquele que amou tenha sido amado e aquele que foi capaz de transbordar o seu desejo, que tenha com o seu amor bem sonhado.
É só o que importa às nossas curtas vidas: A capacidade de conjugar o verbo amar no infinitivo e de desejar transitivamente. Ou, quem sabe, "dormir, talvez"
Curtir
Comentar
Compartilhar

Nenhum comentário:

Postar um comentário