sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

                                    Nós e o Tempo
                                                   Andrea Campos




Procurei decifrar a linguagem do tempo e encontrei as suas pegadas por detrás de teus olhos. Persegui-as. Fazia tempo, e o tempo é inaudito, que eu caçava estrelas entre bancos de areia e consumia vento pincelando na pele, espumas. Porque fui uma com a imensidão do mar e sobre mim apenas cabia um vestido de tiras de sol. Vem, puxa essa alça de luz que se interpõe entre nós e anoite. Deixa o farfalhar de teu pelo se esfregar no meu, inaugurando o dia. Fala em mim o teu silêncio no esmorecer da tarde. E se o tempo foi em nós indecifrável é porque decifrá-lo já não nos convinha.

O que é o tempo se só existe o tempo se a tua mão se deita enlaçada à minha?




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