quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

                                                                Versos Felinos
                                                             Andrea Campos




Peles, torsos, ancas,
clara neve,
vales derrapantes,
incertezas.

Precipícios de sonho,
triste beleza
aonde livre me lanço
pra ser tua presa.



Devora-me
ou
Decifro-te.


Farejando memória
da pele,
mastiguei a carne
do tempo.


Abocanhar o ser 
no não ser:
perigo é não viver.



Amar é,

a um só tempo,
caçar e ser caça
rendida a esse fato.

Melívora,
te abato.





Retalhar teu corpo

com as garras molhadas,
lamber teu sangue quente.

Arder no mais profundo
desse corte.
Fatiar a dor
e te salvar da morte.


Arquejante,
arrepiar o instante,
avançar num grito,
bramir o gozo da fera
e saltar o espaço infinito.


2 comentários:

  1. Esse espírito felino está presente em tua escrita, de hoje, de sempre, vivaz, poderoso, inquisitivo, uma ânsia da vida e suas descobertas, que cativa o leitor, que incomoda o insensível e encanta o sábio. Isso é Andrea.

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