sábado, 27 de junho de 2015

Ao Pintor
        Andrea Campos


Amálgama de cores
em um caleidoscópio
idílico
de metamorfoses
constantes.

Sombra e luz
sobre um
espantalho de gravata,
azul como terraços
ao vento.

Tintas de riso
e solidão
pintadas
sobre um tapete
de sonhos.

Paisagens de mãos dadas
a navegarem olhares
esquecidos,

Corpos nus e redimidos
tatuados nas
paredes
da pele.

Horas que se perdem
e se entrecortam
no vazio frio das telas.

E a tua face transfigurada
a arquitetar novas formas
pra vida.

É assim, mesclado em tinta,
tempo e gozo
que te contemplo
a drenar paixões,
a vestir tardes enevecidas
e a derramar sobre o branco,
o sentimento infinito.


Do livro "Olhos sobre Tela", 2002, Companhia Editora de Pernambuco.

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