A Divina Comédia - Paraíso (trecho final)
Dante Alighieri
Emocionei-me muito com a leitura dos três tomos de A Divina Comédia de Dante Alighieri. Tanto que terminada a leitura, passei um tempo digerindo-a até vir comentá-la aqui. Li o Inferno e o Purgatório de um chofre, durante dois dias inteiros cada um, como se estivesse ansiosa por conhecê-los e vencê-los. Não fui diretamente ao Paraíso, pra dizer a verdade pensava até em não lê-lo, justifiquei-me por achar que lá encontraria o marasmo. Depois percebi que o que me refreava "subir" ao Paraíso era esse, ao menos meu, sempiterno sentimento de não merecimento (o vocabulário dantesco, verdadeiras pedras nos caminhos iniciais da leitura de sua obra, agora brotam de mim espontaneamente, ou seja, como cada autor que lemos, ele já está falando em mim rs). Foi quando aceitei altear-me aos céus junto a Dante, sentindo fulgurações, resplandescências e cores. E, sobretudo, sentindo amor, muito amor.
Obrigada Dante, não sei se existe o seu Paraíso, mas sei que existe o Amor e é uma substancial porção dele que você tem nos dado em sua Comédia imorredoura através dos séculos. Arrivederci.
CANTO XXXIII (trecho final - Dante é agraciado com a visão de Deus)
tal estava eu ante a nova visão:
buscava a imagem sua corresponder
ao círculo, e lhe achar sua posição.
Mas não tinha o meu voo um tal poder;
até que minha mente foi ferida
por um fulgor que cumpriu Seu querer.
À fantasia foi-me a intenção vencida;
mas já a minha ânsia, e a vontade, volvê-las
fazia, qual roda igualmente movida,
o Amor que move o Sol e as mais estrelas.
Fim
tal era io a quella vista nova:
veder voleva come si convenne
l'amago al cerchio e come vi s'indova;
ma non eran da ciò le proprie penne:
se non che la mia mente fu percossa
da un fulgore in che sua voglia venne.
A l'alta fantasia qui mancò possa;
ma già volgeva il mio disio e 'l uxelle,
sí come rota ch'igualmente è mossa,
l'amor che move il sole e l'altre stelle.
Fine
Dante Alighieri, Ravenna, 1320 Anno Domini
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