Andrea Campos
I.
A te amar a ti na noite imensa
E aprender o amor como ternura,

Acendendo a luz da lua escura.
Invadindo em mim tanta querência
A cortar o medo com uma fissura
Deixamos ao tempo a incumbência
De lançar a sorte com doçura.
Temperando amor ao desejo,
Gozo em nós sem nenhuma distinção
Como o que eu vejo e o que eu não vejo,
O que é real ou é ilusão.
Assim é o nosso amor de alma pura
E carne que incendeia na loucura.
II.
Vem, meu amor, que a tarde é fria
E bailam ao longe as boninas,
Já não vestimos a fantasia
De outros tempos e esquinas.
Mas ainda me tens tão tua,
Doce, melancólica e lassa
Como a paixão se estende nua
Por primeira vez e não passa.
Vem que ainda há verão nos campos
E pra trás ficaram nossos prantos,
Toma os meus olhos como guia
Na trilha do amor que desafia.
Gira-te em mim ao estarmos sós
como giram ao sol os girassóis.
III.

Banhada em luz na hora ardente
eu te compus como semente
de um amor total e transviado,
onde fui guerreira e tu soldado.
Entre trincheiras da batalha
Das esperanças fui mortalha
Até encontrar teu olhar tristonho
e nele aguar, de novo, o sonho.
De tua ferida lambi a dor,
E a tua pele molhei de cor
Para que a vida renascesse
De onde nada mais lhe cresse.
Selada a paz fui amor e amante
que vive e ama a cada instante.
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