sexta-feira, 28 de agosto de 2015

                                                               Três Sonetos
                                                                               Andrea Campos

I.


A te amar a ti na noite imensa                                       
E aprender o amor como ternura,
Inventei em mim tua presença,
Acendendo a luz da lua escura.

Invadindo em mim tanta querência
A cortar o medo com uma fissura
Deixamos ao tempo a incumbência
De lançar a sorte com doçura.

Temperando amor ao desejo,
Gozo em nós sem nenhuma distinção
Como  o que eu vejo e o que eu não vejo,

O que é  real ou é  ilusão.
Assim é o nosso amor de alma pura
E carne que incendeia na loucura.





II.

Vem, meu amor, que a tarde é fria
E bailam ao longe as boninas,
Já não vestimos a fantasia
De outros tempos e esquinas.

Mas ainda me tens tão tua,
Doce, melancólica e lassa
Como a paixão se estende nua                                    
Por primeira vez e não passa.

Vem que ainda há verão nos campos
E pra trás ficaram nossos prantos,
Toma os meus olhos como guia

Na trilha do amor que  desafia.
Gira-te em mim ao estarmos sós
como giram ao sol os girassóis.











III.

Banhada em luz na hora ardente
eu te compus como semente
de um amor total e transviado,
onde fui guerreira e tu soldado.

Entre trincheiras da batalha
Das esperanças fui  mortalha
Até encontrar teu olhar tristonho
e nele aguar, de novo, o sonho.

De tua ferida lambi a dor,
E a tua pele molhei de cor
Para que a vida renascesse

De onde nada mais lhe cresse.

Selada a paz fui amor e amante
que vive e ama a cada instante.




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