segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

 ODIANDO-ME, MAIS EU FUJO (MICHELÂNGELO)

Soneto para Vittoria Colonna


Odiando-me, quanto mais eu fujo de mim, 

Minha Senhora, mais em sua direção eu sou empurrado;


Minha alma então, como deve,

Treme menos para mim lá, onde espera que eu fique.

O que os paraísos fornecem, eu oro

Para perceber na sua face,


E em teu lindo olhar, onde reside toda a redenção,

Pois bem eu sei, a cada dia

Comparando-o a outros, não há vestígios

Da tua virtude, a menos que o coração se mostre nos olhos.

Tão rara essa beleza!


Ver-te é meu único desejo, puro e completo.

E ainda que sejam esses vislumbres raros, 

São como o rio Lete para a alma.


Sempre teu, Michelângelo Buonarroti.


*

Ilustração:


Retrato de Vittoria Collona por Michelângelo Buonarroti.




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