ODIANDO-ME, MAIS EU FUJO (MICHELÂNGELO)
Soneto para Vittoria Colonna
Odiando-me, quanto mais eu fujo de mim,
Minha Senhora, mais em sua direção eu sou empurrado;
Minha alma então, como deve,
Treme menos para mim lá, onde espera que eu fique.
O que os paraísos fornecem, eu oro
Para perceber na sua face,
E em teu lindo olhar, onde reside toda a redenção,
Pois bem eu sei, a cada dia
Comparando-o a outros, não há vestígios
Da tua virtude, a menos que o coração se mostre nos olhos.
Tão rara essa beleza!
Ver-te é meu único desejo, puro e completo.
E ainda que sejam esses vislumbres raros,
São como o rio Lete para a alma.
Sempre teu, Michelângelo Buonarroti.
*
Ilustração:
Retrato de Vittoria Collona por Michelângelo Buonarroti.
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