Escorrem nas paisagens do tempo
as memórias do afeto,
Afetos-retrato,
Alguns sombreados,
Outros coloridos,
Alguns assinados,
Outros esquecidos.
Muitos embaçados
Por afetos confundidos,
Mas todos atrelados
A momentos tão vividos.
E assim vai cavalgando a memória
Na garupa do tempo,
Esse cavalo alazão
selvagem e voador,
A galvanizar carne macerada
pelo gozo e pela dor.
Mas, a memória também mente,
Reinventa e ludibria,
Porque em si é também desejo
Do que haver sido se queria.
Então, vou inventando afetos
E para cada afeto,
Um novo retrato,
E sei que apenas no halo
De teu sorriso
Se abre a memória
do que eu fui de fato.
Andrea Campos
*
Photo: Nathalie Roze.
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