quarta-feira, 5 de janeiro de 2022









 Escorrem nas paisagens do tempo 

as memórias do afeto,


Afetos-retrato,

Alguns sombreados,

Outros coloridos,

Alguns assinados,

Outros esquecidos.


Muitos embaçados

Por afetos confundidos,

Mas todos atrelados

A momentos tão vividos.


E assim vai cavalgando a memória

Na garupa do tempo,

Esse cavalo alazão 

selvagem e voador,

A galvanizar carne macerada

pelo gozo e pela dor.

 

Mas, a memória também mente,

Reinventa e ludibria,

Porque em si é também desejo

Do que haver sido se queria.


Então, vou inventando afetos

E para cada afeto, 

Um novo retrato,


E sei que apenas no halo

De teu sorriso

Se abre a memória 

do que eu fui de fato.


Andrea Campos


*

Photo: Nathalie Roze.

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