O tempo passa, nos inaugura e corta,
Vai o tempo nos carcomendo pelas beiras,
O tempo nos exorta do vazio das trincheiras.
O tempo é a aorta
onde passeia vermelha a vida,
O tempo não suporta
quem enganou sua ferida,
Mas, quando o tempo, inclemente,
Fechar-me a porta,
Saberei ser alheia ao tempo
que me aborta,
Então nunca digas:
"Ela está morta",
Como um Prometeu que traz o fogo em sua pira,
Viva estarei se a poesia em mim respira.
Andrea Campos
*
Photo: Nathalie Roze
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