sexta-feira, 3 de abril de 2015

Lentamente te aproximas
e esgueiras a tua voz
sobre o meu corpo
que jaz plácido,
nutrido por teu desejo.

Saboreando teu cheiro,
reconheço-te
e posso te enxergar
na memória do amor,
Joaquin Sorolla
sem fantasias.

Porque há tempos multiplicados
que te espero chegar
vindo das curvas da floresta
e tenho os olhos cansados,
enevecidos, maquiados
por imagens em frestas
na superfície das águas.

Tocando-me, mapeias-me
e sou para ti um universo
aquático inominado
iscado, pacientemente,
da tua ilusão.

Então, me escavas,
(sou túnel marinho em convulsão),
enquanto se entrelaçam marlins azuis
enredando todo amor com escamas
afogueadas por nossos corpos nus.

Andrea Campos in "Poemas de Mar e de Amar", Ed. Bagaço.

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