Um soneto inacabado de Fernando Pessoa:
"Ah, se soubesses com que magoa eu uso
este terror de amar-te, sem poder
Nem dizer-te que te amo, de confuso,
De tão senti-lo, nem o amor perder.
Se soubesses com que ódio a não saber
Falar-te do que quero, me escuso..."
O querido José Paulo Cavalcanti Filho, advogado e autor do delicioso "Fernando Pessoa - uma quase autobiografia" nos diz que, estando em Lisboa, viu o fantasma de Pessoa andando pelas ruas, seguiu-o tanto que ele saiu correndo. Ao retornar ao hotel, encontrou esse soneto inacabado de Pessoa sobre a mesa. Entendeu isso como um recado e o finalizou. No dia seguinte, ao acordar, mistério! Ao lado do texto adicionado estava escrito "Não. Não. Não. Não." Perguntou a sua esposa se havia sido ela quem havia escrito as negativas. "Claro que não!" foi a resposta de dona Maria Lectícia.
Acredito em fantasmas e concordo com Pessoa, muitas vezes o destino do inacabado é ser, para sempre, inacabável...
Nenhum comentário:
Postar um comentário